quarta-feira, 8 de setembro de 2010

JORNAL DO BRASIL, UMA HISTÓRIA BAIANA.

Depois de 109 anos de circulação, morreu a semana passada no Rio de Janeiro o jornal do Brasil. É uma história baiana, não sei se nós baianos sabemos, que é uma história de baiana, quase toda de baianos.

Eram três amigos Rui Barbosa, Rodolfo Dantas e o pernambucano Joaquim Nabuco.
Ruy e Rodolfo, baianos. Muito jovens foram para a câmara federal. Lá os três eram abolicionistas contra a escravatura. Fizeram uma grande luta, mas Nabuco e o Rodolfo Dantas eram monarquistas, a favor do império, e Ruy já era republicano. Após a queda do império, D. Pedro II vai para a Europa e o Rodolfo Dantas para defender a monarquia, já na época da republica, funda no Rio de Janeiro, em 09 de abril de 1991 o Jornal do Brasil, onde Nabuco era o redator chefe.

Em dezembro do mesmo ano morre D. Pedro II, em Paris. O jornal que continuava monarquista, dirigidos pelo Rodolfo Dantas e Nabuco faz um caderno especial chamado o “grande morto”. A multidão do Rio histerica e revoltada, invade o jornal pedindo a cabeça de Nabuco e, os dois, Nabuco e Dantas, por conta das retaliações, venderam o jornal de mentira, para uma pessoa não conhecida deles, mas, dirigido por Ruy Barbosa que defendia a republica. Contudo, de tanto combater o governo que na verdade era uma ditadura, teve que fugir para a Argentina, pois Floriano revoltado invadiu o jornal com o propósito de matar Ruy, que teve que fechar o jornal.

Um ano depois o jornal reabre com os irmãos, empresários, Cândido e Fernando Mendes de Almeida, que são os antepassados avô da universidade Candido Mendes, do Rio de Janeiro, que sem sucesso financeiro, passaram para o Conde Pereira Carneiro em 1919, depois o Nascimento Brito e afinal o baiano Nelson Tanuri, outro empresário que mexe com a indústria naval e comprou o jornal, e hoje fechado.

O jornal foi palco de grandes lutas políticas no país. A favor da monarquia, depois contra a ditadura militar de Floriano Peixoto, e enfim, para defender os direito e as posições liberais através dos Mendes de Almeida e Ernesto Pereira Carneiro, e morre nas mãos de um baiano, o Nelson Tanuri.

O Jornal do Brasil foi na verdade o jornal da Bahia. Um jornal fundado por um baiano e infelizmente enterrado por outro baiano. Disso tudo, uma grande lição: O Jornal do Brasil só deu certo quando dirigido por jornalistas ou radialistas. Quando passou duas vezes pelas mãos de empresários não deu certo. Jornal é coisa de jornalista. Empresário é bom, mas não pode comandar jornal.